terça-feira, 10 de julho de 2012

Eis aqui o homem

Palavras certamente rudes, estas gritadas no título desta página. Ditas outrora com voz grave, quase gutural, presumo. Na mitologia cristã, Pôncio Pilatos as havia dito, algo como "behold the man" para os Yankees, ao trazer o Cristo à multidão enfervescida de judeus temerosos de que seu perfeito sistema fosse ameaçado pelos disparates de um carpinteiro (enganam-se os religiosos ao afirmar ser humilde tal labor, à época. Era, na verdade, um ofício bastante lucrativo, tanto o é que os soldados romanos, em uma prática que nos lembra bastante terrae brasilis, mais tarde lançaram sortes para verificar quem despojaria as vestimentas do morto - Mt 27:35). Na mitologia ocidental ''pós-moderna'' (com a vênia pela vênia e pelas aspas, afinal de pós-moderna nossa sociedade possui só o nomen iuris -  não que isso seja relevante. É só uma desculpa científica para que os pesquisadores não tenham o constrangimento de admitir que não sabem definir o que é a nossa construção social, ao menos em sua maioria), a ciência é títular de tais dizeres: ecce homo. Eis aqui o homem. Formado por uma série de compostos químicos complexos, em perfeita interação e fadado, quase que de maneira poética, à contradição. Amaldiçoado que é o homo sapiens sapiens ao pleonasmo próprio, a ciência, fruto do mastigar humano da realidade, nada tem de nobre e nada mais poderia ser do que contraditória.
Poucos tiveram a coragem de contestar não só a coxidão religiosa, não só o escapismo científico, não só a história da filosofia, mas sim todo o núcleo que construiu a realidade ocidental: o pensamento socrático-platônico. O primeiro desses poucos foi Nietzsche, a quem certa reverência se faz primaz.
Os próximos, tão ávidos do conhecer, do entender e, quem sabe, do desmentir é a quem nós, autores do presente blog, prestamos homenagem.
Com isso, está feito. 
Artigo Sétimo - O resto nasce a partir daqui.
Ecce homo. 

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